sábado, 1 de junho de 2019

High Spots

Lugares altos me trazem paz. Uma paz de conseguir ver tudo de cima e estar sozinha com meus pensamentos bucólicos. Uma tremenda paz de conseguir apreciar a vida e a morte junto ao caos, de uma só vez. Estou em um momento de felicidade arrastado em melancolia, em uma antítese sentimental sem igual. Sinto-me extremamente bem ao estar de janela aberta em uma temperatura baixa, sentindo o ar gelado junto a combustão entrar em meus pulmões. São tantos pensamentos que passam por essa patética lembrança de universos paralelos que fico reflexiva. Eu virei alguém solitário, como sempre quis, finalmente.
O vislumbre da saudade de coisas que nunca tive é maravilhoso. A fumaça de gelo e fogo sai de minha boca a cada suspiro de alívio. Eu sinto falta de lugares altos. Antes, sempre achei que gostar desse tipo de lugares alimentava de certa forma meu escondido complexo de superioridade e me culpei, mas isso já é passado... Eu realmente pertenço a locais frios. Talvez um dia eu fuja para o alto de uma montanha de neve ou me esconda de novo nessa região gelada do país em que nasci. Eu tenho certeza que algum dia chegarei nesse momento de surto.
Estou apreciando essas luzes urbanas com uma alegria de poder dizer que, em apenas um mês, sou uma pessoa diferente. Talvez eu consiga apreciar melhor a vista por ser essa nova pessoa. O movimento barroco de minha alma chega a pulsar.
Esse post é apenas pra dizer que a pessoa desapegada que sou se sente bem em locais frios e altos. Que se sente bem durante a noite. E não tem nenhum problema em estar só.