terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Unavailable

Se fosse pelos cortejos de galhos secos e companheirismo rude, mas compreensível... se fosse por ser meu abrigo, seria você. Se fosse pelos prazeres do corpo, as loucuras carnais ou tentações, seria outro. Se fosse pela cumplicidade, pra ter alguém com quem contar e fazer exatamente as mesmas coisas, seria outro alguém. Seriam tantos entre idas e vindas da vida, carinhos e amigos. Seriam momentos, sorrisos e abraços. Se fosse pelas piadas... Se fosse pelos conselhos, pelas aventuras... seria quem? Nada é eterno posto que é chama, ardente e inconstante, mas com um fim. Não seria por nenhum motivo afinal. Não seria por um ou outro, seria apenas por versões em que o eu lírico escolheu acreditar... Seriam ilusões de carícias e promessas vazias. Seriam apegos desnecessários e mentiras que caminhavam suavemente em meandros. Seriam coisas incompreensíveis ao olho nu e sentidas apenas na alma. Seriam experiências em vão e sorrisos de calúnia. São memórias em brechas de tempo que fogem em tentativas frustradas de serem algo. Por que juramentos vazios? Se houvesse sentimento, meu bem, seria você. Se houvesse reciprocidade, não seria saudade. Se houvesse empatia, não seria chamada de excesso de simpatia. Dentre tantos outros, seria você. Por que este não seria? Pela falta do querer, a ausência do ser e a falta de vontade. Não são abraços de trocas, são abraços de pessoas que o tomam pra si e semeiam um círculo de bem estar baseado em sofrência de outro ser. Por que não poderia ser você? Olhe por tudo e por meios, por receios e palavras espinhosas. Não espalhava a verdade. Se fosse ser você, viria tênue e leve. Seriam suaves como lençóis de seda. Por um tempo, você queria que fosse você e me fez acreditar que seria. Me fez pensar que merecia amores no qual a nenhuma das outras você daria. Mas isso queimou e só ficaram as cinzas dos desejos. Você não queria que fosse você...