Eu nunca me entreguei de verdade. Tive meus encantos sem fundos vazios, sem ter muita esperança pro futuro porque a incerteza que me esperava me maravilhava mais do que qualquer pessoa que falasse que veio para ficar. Porque eu sabia que não existe tal pessoa. Talvez seja uma das heranças de ter pais separados: não acreditar de nenhuma maneira na união. No "para sempre". Ou talvez seja eu mesmo afastando todos por achar que nunca vou ter nível de cumplicidade tão grande quando com alguém que conheci há muito tempo. O bom é que sempre me mantive fechada. Não contei tudo sobre mim para esses meus encantos.
Não foi assim com o desencanto. Eu falei pra mim mesmo que não teria problema. Fixei um futuro, refiz os planos e mudei muita coisa. Eu falei que poderia pular de cabeça e me entregar devido ao sentimento forte que me tomou de uma vez só. Sentimento que só era sentido por mim, mas eu não sabia. Por mais que tenha sido curto, nunca fui dessas que fala impulsivamente de sentimentos, pois penso muito antes de demonstrar qualquer coisa. O desencanto só falava o que pensava da boca pra fora... Até coisas que não sentia. E eu criando uma fortaleza onde um dos lados estava mal montado e em algum momento iria tombar. E tombou. Pois um muro construído de mentiras nunca é sólido o suficiente pra aguentar os desafios do dia a dia.
E eu me machuquei e meio a tantos destroços no desabamento...
Foi pior do que qualquer lesão que eu tive na vida. Foi pior do que qualquer doença que tive na vida. Eu tive todos meus sentimentos tirados de mim novamente. Aprendi da pior maneira que o jeito que fui a vida inteira era o jeito certo de viver e que aquela visão iludida que tive era errada, era feita pra perdedores.