Eu tô tão vazia ultimamente. Estudando, perambulando e sorrindo. Vivendo sem diretriz certa, como uma alma presa no véu divisor da realidade. Sinto que devo estar fazendo algo a todo momento e se fico cinco minutos a mais na cama, estou sendo improdutiva. Eu fico ocupando minha cabeça pra não largar minha mente no bréu. Porque se a mente ficar tão vazia quanto a rotina, o espaço para sensações ruim fica aberto... A sensação é de que estou vagando no deserto sem sentir falta de água. Já desejei companhia, hoje fico feliz de me cuidar sozinha. Já desejei abraço e agora sou a única a quem dou cuidados... Nem tenho para onde correr.
Todas as certezas que eu tinha se foram. Todos de quem eu tinha certeza da permanência se foram. Só sobrou eu e minha sombra na estrada. Fui empurrada por quem eu pensava que teria suporte e tive ajuda de onde menos esperei. O elenco tem mudado mais rápido do que pensei. E eu sinto falta da nostalgia de me sentir rodeada e no controle. Porque este fugiu da minha mão e agora estou numa fantasia onde não me sinto suficientemente boa para as oportunidades que batem na porta. Fui consumida por uma sorte que não é minha e que um dia se vai assim como chegou, do nada. Sinto falta de me sentir unicamente amada por um ser. Não minha filha ou as bebês de minha vida, não meu irmão, não meus amigos tão recentes. Mas esses amores são o que tem me sido combustível para viver. Eu ainda tô impressionada com as coisas e queria palmas. Sinto que sou eu comigo mesmo me abraçando nessa escuridão. Nesses momentos eu gosto de sair para andar, mas como fazê-lo no meio da madrugada? As fumaças estão passando mais rápido, como uma súplica de sentir, sentir o ar, sentir minha respiração, sentir um pouco da melancolia. Acho que um de meus charmes é não perder a aura bucólica que sempre me rodeou. O vazio tomou conta de mim. Não sinto por você. O medo de sentir me imobilizou e me tornou imune. E eu sou grata.