quarta-feira, 8 de maio de 2019

Cinza

Estava imóvel. Como um móvel friamente aplicado ao cenário se disfarçou de vazio. Sentiu o chão frio em seus pés, o vento em seu rosto e o ar, seu vício, sair de seus pulmões. Estava imóvel. Sorriu ao ver a luz e lembrar de gargalhadas de passatempos vãos. Criou seu mundo em sua mente e lembrou de sonhos que nunca vão acontecer. Abraçou a si como as trevas abraçam a solidão. Era como se nada tivesse função. Tudo era tão efêmero que a alegrava em planícies de sinal. Sorriu de novo ao se encaixar tão bem. Não havia esforço nenhum naquilo. Não sabia como desligar seus alarmes de ódio e violência. Fora treinada para o caos e com rapidez sempre o refletiu. O ar saiu mais uma vez. O devaneio de uma época de guerra em que sabia viver a confortava como um sofá de um lar que nunca teve. Sombras desse vazio que não pode existir mais... Estava imóvel como um móvel. Tão parecida com a paisagem que parecia ter sido encenando. O cinza abraça pessoas singulares. Sem certo e errado, sendo certa sendo quem é é.