domingo, 21 de setembro de 2014

Comfortably Numb


Essa menina astuta está tão "tanto faz" que nem a reconheço mais. Sentada, paralisada, olhando para a parede tentando desligar-se de tudo e de todos. Não se importa muito com os que estão aos arredores e para onde vai, aprendeu que a melhor companhia pra si é ela mesma. Tudo que ela precisa é de seu caderno de poemas, um local pra repousar e escutar sua música e seu destruidor vício escondido. 
Os pensamentos não são felizes, dizem que a menina voltou a sua antiga filosofia de que tudo é passageiro, de que ela não gosta do caos na convivência social e que se cansou novamente da estupidez alheia. Os seus poemas retornaram e as suas histórias estão mais inspiradoras que nunca. Mas o que houve àquela menina? Ah, ela apenas não tem mais as distrações que costumou ter por aqueles minutos de anos, seu vazio retornou e não há ninguém que consiga a tirar daquele isolamento. Ela está confortavelmente entorpecida de memórias mortas. Voltou a ser a poeta que experimentou de tudo para escrever sobre e, aliás, ela sempre soube de onde vem sua inspiração. 
Ei, do que ela tem que reclamar? Ela não está triste, só não está feliz. Já teve dias melhores ilusórios, mas não está nos seus piores. Ela definitivamente não está nos seus piores. Ela está com sua cabeça em dia, organizando sua biblioteca de dores e se afastando de todos. O único sorriso que a alegra verdadeiramente é o de seu pequeno companheiro de vida, um dos que não a abandonaram.
Ouvi dizer que essa menina diz que tem muito a aprender... E que adora ensinar aos outros as lições pelo qual passou, do jeito dela.
Espere, não percebe que parece que ela criou seu próprio mundo, ri sozinha de piadas que ela sabe que só ela vai entender e parece conversar consigo. Ela está sendo observada por uma visão mais nova de si, que achava que em nessa fase que ela se encontra, ela estaria bem diferente. A criança achava que era tristonha e desiludida, mas no fundo tinha esperança. Agora, a esperança se foi, porque teve um tempo em que a menina encarou o mundo sozinha e chorava todas as noites por não ter ninguém que a abraçasse e dissesse "vai ficar tudo bem". Mas, agora, ela não chora mais. Ela encara. E foge de dramas. Pessoas trazem dramas demais e balbuciam sobre coisas que não doem tantos aos já feridos.