segunda-feira, 7 de julho de 2014

O tempo - parte I


- Não quero que se lembre de mim como a pessoa que teve que lhe contar sobre a morte dele, mas sim como a pessoa que nunca saiu do seu lado nem em sua morte. 

Eu estava olhando fotos deste estranho que tem me intrigado tanto depois de sua morte, não sabia quem ele era ou que fez, apenas apareceu morto em sua casa e quando fomos investigar, achei fotos minhas em seu álbum de família. Aquele estranho estava me dando nos nervos mesmo morto. Ele morreu assistindo um documentário sobre aquele cadeirante cientista chamado Stephen Hawking. 
- Policial Mendez, por que falou comigo como se a morte deste homem desconhecido afetasse meu emocional?
Ele não entendeu, mas fiquei em silêncio remexendo as fotos mais uma vez porque tudo aquilo era muito chocante. A feição do meu parceiro expressava espanto... O nome do homem era Thomas J. e nada dele era sequer familiar pra mim.
Quando liguei pra perícia, tudo o que pude fazer foi esperar. Fiquei sentada nas escadas do lado de fora de sua casa e Mendez estava ao meu lado, baguncei um pouco meu cabelo tentando aliviar a minha tensão.
"Calma, Leona, é só mais um homem que morreu e a parte estranha é que ele tem fotos suas que você nem se lembra de ter tirado. Só isso" - Não, não era só isso e algo não se encaixava ali. Tudo estava muito estranho. 
- Leona! Achamos um presente pra você! - disse John, meu amigo que trabalhava na perícia. Caminhei até ele e pude ver em suas mãos uma camisola preta com detalhes verdes e em sua outra mão uma caixinha de presente.
- O que é isso? - eu disse limpando o suor de minha testa.
Ele levantou a caixinha e leu " Pensou que eu tinha esquecido do nosso aniversário de casamento, amor? Minha Leona... Te amo. (25/10)".
- Tem certeza que não o conhecia, Leona? 
- Tenho absoluta certeza. John assume com o Mendez daí. Estou cansada e vou resolver outras coisas.
Mentira. Eu só precisava sair daquele local que estava me deixando mais nervosa que nunca. Peguei o carro e dirigi até minha casa. Tentei tirar algumas conclusões.
Eu nunca tivera problemas de amnésia entre outras coisas. E não era possível que eu estivesse com esse homem casada sem ter nenhum registro ou algo assim. Tudo que eu tinha eram aquelas malditas fotos dele. E aquela data de casamento, não sei, aquela data era o dia de amanhã. Eu deveria esperar algum tipo de comemoração? Sei lá, tudo aquilo parecia um sonho louco de uma realidade paralela.
Deitei no sofá e logo adormeci.

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"Amor, hora de levantar e ir buscar Sophie na escola" - disse, meu marido.