sábado, 29 de agosto de 2020

remember me

Eu sempre me achei meio defeituosa quando se trata de envolvimento romântico. Minha primeira paixão real foi no meu melhor amigo. Meu confidente e uma pessoa que me compreendia muito bem na época. Certeza que ele era a pessoa em quem eu mais confiava, ou melhor menos desconfiava, durante meu tempo de ginásio. Porém, não consegui confiar suficiente pra me entregar cegamente. E me afastei por medo de ficar vulnerável por mais que aquilo pudesse doer em mim. Logo depois, por uma impulsividade de momento eu encontrei a pessoa com quem mais me dei bem em um relacionamento até o presente momento. Era um garoto com pai, mãe e irmão, casa meio conturbada e vida problemática. Ele não sabia onde queria chegar, só gostava do seu skate, suas musicas e seus jogos. Repetiu de ano na época porque não soube conciliar problemas familiares com escolares. Tinha mania de cair em brigas aqui e ali e não tinha discussões muito profundas sobre matérias escolares. Eu não pensava na época em como eu me daria bem com um ser desses.
Se eu escrevia algo sobre gostar de uma coisa, um ato, por mais sutil que fosse... Eu recebia do mesmo. Eu recebia total devoção, carinho e companhia. Treinavamos juntos no saco de pancada em seu terraço, matavamos aula no shopping, tínhamos encontros, jogávamos Playstation e World of Warcraft, falávamos de rock e skate. Não tinha um momento em que eu não me sentia pertencente. Era uma pessoa que até no meu pior momento, eu pude contar. Em desabafos após a meia noite onde eu me encontrava no meio do nada ou em problemas que não abro pra ninguém... Eu não era fácil de lidar, na época eu era irritadiça e mais rabugenta. Mas isso não era empecilho. 
Porém ocorreu um problema... Eu. Por mais que eu tivesse tudo, tudo mesmo que eu poderia querer em um garoto, tivesse memórias, momentos... Eu não me sentia completa. Não me leve a mal, eu era feliz, mas tinha a sensação de faltar algo mais. Tinha medo da minha vida ser apenas aquilo. 
Então eu simplesmente fui embora. De novo. Sem avisos. Sendo fria. Não derrubei uma lagrima por fora na frente de alguem.
O que eu quero dizer é... O que tem errado? O que é esse defeito meu? É o meu famoso enjôo? É frieza? É medo de vulnerabilidade? Metáfora de the wall? O que tem de errado comigo?
Peguei-me pensando em situações parecidas com essa, mas acho que esse foi o ápice. Onde me movimentei por puro defeito. Foram memórias boas, mas convenhamos, seguimos com nossas vidas e estamos bem onde estamos hoje. Tanto eu quanto o menino citado. Mas me peguei pensando não no rompimento, mas nesse meu problema em ter que terminar coisas, de não gostar de relacionamentos infinitos quase que de maneira subconsciente.
Será que algum dia isso vai parar?

domingo, 9 de agosto de 2020

mostly regret

Eu sempre fui uma observadora. Nasci como uma. Por mais que eu fosse tachada como um pouco imprevisível por algum tempo na minha vida, acredite, eu não era. Demorou um tempo até que eu aprendesse aonde eu queria chegar com meus atos ou simplesmente vivesse o momento. Por eu ser observadora, grande parte do meu dia era tomado por devaneios de aventuras que nunca vivi, situações que eu poderia criar e pessoas que eu poderia conhecer. Sabe, eu sempre fiquei tentada a conhecer os outros, entender todos e ouso dizer que estudar o outro fazia parte de uma rotina pessoal estranha que eu contemplo até hoje. Mas eu tenho um problema: eu não formei elos. Eu gostava de conhecer, mas não me aproximar tanto para que pessoas me conhecessem bem.
Por eu estar sempre com a sensação de exclusão desde criança (não que as pessoas me excluissem de nenhuma maneira, eu apenas sentia que não pertencia), eu não me apegava. E hoje, o ser que eu sou, fica realmente triste com isso. Quando criança, eu me forcei para longe de amigos que tive durante longos quatro anos porque fiquei com medo de que em algum momento ou de alguma maneira fosse excluída por não ter a mesma classe social que eles. Coisa que nunca aconteceu nesses quatro anos, mas que eu divagava que pudesse acontecer. Eu falei pra mim mesmo "vai embora, some, se quiserem saber de ti eles vão te procurar". Mas não. Ninguém procura quem escolheu ir embora. Eu hoje vejo fotos dessas pessoas que eu conheci muito bem um dia em uma realidade quase que alternativa e me arrependo profundamente de não ter semeado uma amizade duradoura com cada uma delas. Todas cresceram pra se tornar seres sensacionais. 
Não pense que parou ai, isso persistiu no meu comportamento como se fosse um muro que não parava de crescer. Eu afastei todos do meu ginásio, inclusive pessoas que tinham quebrado uma barreira muito difícil minha, pessoas sensacionais que talvez eu nunca seja capaz de conhecer de novo. Decidi me afastar de todos do ensino médio. Eu simplesmente vou embora porque eu tenho a mania de contemplar cenários de fora e não ser parte deles. Isso dói. 
Durante muito tempo eu me senti só. Senti que tudo isso era justificável de alguma maneira. Isso de fato é uma barreira pra minha fobia por vulnerabilidade. Por mais que eu seja amigo de alguém, eu não gosto de expor, de me expor, mas gosto de ajudar e aconselhar. Ainda como observadora. 
O problema de ser observadora e ser eu nesse caso é: eu tenho uma ótima memória. Eu lembro de quase todos os momentos que eu criei com as pessoas no qual eu me afastei, seja por bom ou nenhum motivo. Eu revivo, relembro e me arrependo. Eu sempre achei que não criar elos fosse a resposta pra evitar desapontamentos, mas... Eu estava errada. 
Eu tive ótimas aventuras, momentos sensacionais. Estes que são motivo de eu ter tanto sonhos que são apenas eu mesma vivendo isso de novo. Mas, de novo, me arrependo durante todo esse tempo em que eu deixei o lobo me guiar e me tornar uma pessoa sozinha. Eu me virei bem, me acostumei perfeitamente, meu muro contra vulnerabilidade funciona até hoje, mas... Eu me arrependo.