Olá, vó. Nesse mês, meu luto por você vira debutante. 15 anos de “ela se foi” em um perdido ano novo. Naquele relento do dia 29… Onde tudo que era e um dia nunca seria virou confetti e a distância me doeu o coração. 15 anos de onde eu me guardei num cantinho de memória tomando um mingau contigo de madrugada. 15 anos sem bolos no meio da tarde ou cafés assistindo Tom & Jerry e Coragem o Cão Covarde.
Poxa, vó. Como eu explico pra quem me conheceu depois de você que eu gostava tanto de te distrair? E que você também me ensinou a ser uma mulher forte me contando sobre anos e anos que você superou abusos do pai da minha mãe. Poxa, vó… como eu conto as suas histórias sem chorar? Que silêncio ambíguo e agitado. Eu aprendi a tomar café com você. Aprendi a cuidar de quem eu amo, contigo.
Quando você se foi, vó… Eu não tive muita gente, viu. Tudo ficou tão instável e eu aguentei tudo tão só em alguns momentos. Aquele namoradinho que cê conheceu virou um amigão. Ainda bem que você me dava um dinheirinho pra comer besteira fora e ficar mais tempo na rua pra conhecer ele melhor naquela época.
Quando eu estive sozinha, eu aprendi a ir para um cantinho e contar histórias pra você.
Lembro que a senhora falava que quando eu tivesse idade, a gente ia tomar uma cervejinha junto… poxa, vózinha.
Queria te contar que consegui realizar meus sonhos igual eu te disse que conseguiria…
Só queria que você soubesse que todo fim de ano é motivo pra lembrar de ti. Sentir saudade, tristeza e relembrar. A saudade por ti é debutante. E sim, parece sempre que não sinto nada, mas eu sinto tudo… no final.