Vou contar um segredo pra vocês, eu sou insegura. Só soube trabalhar isso muito bem durante anos, até me tornar quem sou hoje. Foi quando comecei a construir outra coisa, o medo pela vulnerabilidade. Não queria que ninguém me conhecesse o suficiente para saber que eu era insegura. Claro que não. Criei o medo de estar na mão de alguém e, pior, de alguém saber disso. Perder o controle era assustador. Não saber o que eu iria sentir, o que poderia acontecer... Isso me faria perder noites de sono, embora eu sempre parecesse tão impulsiva. Até hoje, cultivo certa repulsa pela vulnerabilidade, mas isso é por outros motivos.
Eu fui me acomodando em um espaço onde eu poderia controlar. Controlar meus sentimentos e me confortar com a vida.
Eu não sei exatamente o que houve. Vamos começar pelas primeiras coisas: o amor. Muitos podem me achar um pouco fria, mas -me dói dizer- eu não me importava muito com relacionamento. Na verdade, preferia o efêmero muitas vezes. Era mais fácil. Como disse, vulnerabilidade era algo assustador. Mas faz um ano que eu comecei a conversar com uma pessoa que, em poucos meses, mudou muitas certezas da minha vida. Eu fiquei paralisada quando o conheci e pude conversar. Era uma pessoa boa e que me encantaria, por reflexo, tentei me afastar. Obviamente não funcionou e isso gera boas risadas sobre como eu ignoro pessoas em aplicativos de mensagens instantâneas. Isso só não funcionou, como nos aproximou ainda mais e eu cai em um precipício que era um pesadelo: a vulnerabilidade de amar. Mas depois de um tempo, depois de entender essa queda, você entende o quanto é bom estar nas mãos de alguém, dividir sonhos e ter um braço pra fazer de travesseiro. Não me levem a mal, não foi fácil me entregar. Eu cultivei um mundinho só meu e não sabia se estava preparada para dividi-lo.
E ai... Chegamos ao segundo acontecimento: o meu profissional. Eu sempre fui uma pessoa curiosa pelas coisas que gostava de fazer e isso acarretou em muitos cursos e, em sua maioria, sem ter um fim. Quis saber de cada pedacinho de interesse pra não decidir "errado" as coisas e não me precipitar e adivinhem? Eu me precipitei. Achei que estava tranquila onde havia chegado e que iria evoluir dali e que aquele seria meu plano de carreira. Mas como disse no outro parágrafo, uma pessoa conheceu meu mundinho e por consequência, conheceu minha insegurança. E eu fui perdendo o medo de reaprender coisas que gostava, mas não me achava boa o suficiente para executar. E, quando meu mundo virou de cabeça pra baixo, essa pessoa me deu o maior apoio do mundo para mudar e eu segui. Se eu fui precipitada dessa vez? Não sei. Mas sei que não me sinto assim, feliz com o que faço há bastante tempo.
Mas sim, caro leitor, eu continuo insegura. Para me entregar, para prosseguir. E ainda me persegue o pesadelo de ser vulnerável a alguém, não que eu não goste, mas isso é normal. Acho que isso acontece quando se ama. Estou aprendendo a lidar com a falta de controle da minha vida e ficando alegre com as surpresas do acaso. Tirando o melhor das minhas efemeridades.