terça-feira, 28 de abril de 2015

Steven Universe: Garnet's Fusion & Song (Stronger Than You)

Steven Universe "Sapphire and Ruby" REACTION



Esse vídeo define minha reação ao assistir o episódio Jailbreak de Steven Universe <3



Virtude da Ignorância

Sinto por você. Sinto por você um sentimento que ninguém, aos meus olhos, um dia mereceu: pena. Sinto pena de como contenta-te com teu medíocre mundo achando-se rei, o rei de nada. Sinto pena de como não consegue admirar o belo por não tolerar o que é- aos seu ver- imperfeito e como se acha perfeccionista e inteligente por ser assim. Sinto pena pela falta de vivência sua, por não ter o poder de quebrar uma tradição pra salvar alguém que seja gracioso (tu nunca te arriscarias). Sinto pena de como não sabe ouvir, só sabe julgar, criticar e comparar... Sinto pena, pois não sabes amar.
Sinto pena de ti por esperar que as pessoas obedeçam e promovam a ti, seus desejos. Sinto pena de como você só pensa em cortejos e beijos (ou coito). Sinto pena porque você espera tudo cair do céu -fazendo-te ficar jogado ao léu- e não aceita que alguém seja contrário a ti. Sinto pena por pensares que tem alguém e de como, talvez, venha a se tornar ninguém. Sinto pena de como repete os mesmos erros, mesmos receios... Mude suas frases, troque sua fase, jovem! Sinto pena de como contrarias Sócrates ao afirmar que você tudo sabe. De ti, não sinto um pingo de saudade, mantenho distância pela eternidade. Bem, esse é o meu lema, como não posso "não sentir nada" - por você -, tudo o que sinto é: pena.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Nate & Julie

Onde eu morei nunca teve nenhum tipo de violência muito preocupante. Cidade pequena onde todos se conheciam, Todas as casas eram padronizadas com dois andares e um quintal aos fundos que tinha cercas de madeira impondo limites. Esse sempre foi o mundo pacato em que vivi. Até o dia que me deixei entregar à Nate. Lembro-me como se fosse ontem do dia em que o conhecera. Não era um dia muito diferente desse, ensolarado e normal.
Minha mãe e eu estávamos na cozinha, ela tomando seu café puro e eu comendo minha torrada de sempre. Meu pai já havia saído para o trabalho. Eles sempre saíam antes de mim, íam para o trabalho e eu ia andando para a escola alguns minutos depois, não sei se era porque eles não se importavam comigo - pois naquela casa não havia nenhum tipo de afeição um pelo outro ou diálogo- ou se era porque confiavam demais em mim que faziam isso, pois eu podia não ir a escola que eles não iriam saber. Minha mãe me deu um beijo na testa, colocou sua bolsa em mãos e logo saiu. Enquanto ela saia, dei uma olhadela pela janela da frente, tinha um movimento estranho na rua e, pelo que pude ouvir, uns valentões babacas lá da escola queriam bater em alguém. Nada que influenciasse na minha vida. Voltei para a cozinha e fiz o que sempre fazia todas as manhãs, coloquei minha tigela de cereais com leite e fui andando para o quintal dos fundos, por algum motivo adorava ficar lá atrás antes de ir a escola, achava que aquele era meu cantinho da casa... Mas nesse dia, quando eu cheguei lá, foi diferente.
-Quem é você?! É um ladrão? - disse assustada enquanto olhava para um garoto de cabelos castanhos escuros sentado na minha grama. Ele estava todo sujo e parecia ter acabado de pular a cerca.
-Calma, calma. Não sou um ladrão, estou me escondendo. Creio que tenha visto aqueles caras lá de fora... Eles querem me dar "uma lição". -ele disse bem calmo enquanto verificava se nada em sua mochila estava quebrado. Tirei a feição de criança assustada do rosto e vi que aquele guri não era um problema.
-Bem... Eu os conheço. São da minha escola. Sei que eles têm o habito de fazer isso com garotos... Na verdade, conheço todos nessa pequena cidade, mas nunca vi você. - levantei as sobrancelhas e tornei a comer meu cereal.
-Ah, Desculpe-me, meu nome é Nate. Sou novo na cidade, cheguei semana passada e vou começar hoje na escola, provavelmente na sua. - ele dizia as coisas como se a vida dele fosse impulsiva e a mente dele, tanto quanto o corpo, fosse um lugar vasto e sem rumo,
-Provavelmente... Meu nome é Julie, aliás. Por quanto tempo você vai ficar ai escondido? Porque eu tenho que sair pra escola... É uma longa caminhada. -disse enquanto dava a última colherada no cereal. Enquanto ele se ajeitava para falar, enquanto ele alinhava cada músculo de seu rosto pra dizer mais coisas sobre ele, tudo que conseguia observar era o seu jeito. Ele não era parecido comigo, ele parecia livre.
-Pensei que os seus pais tivessem carros. Dois aliás. Por que você vai andando? - ele arregalou os olhos como se soubesse tudo do meu padrão de vida e como se eu caminhar para a escola fosse algo totalmente anormal perante a todo aquele mundo apresentado a mim.
-Eles têm.-Fiz uma feição espantada novamente, como ele poderia saber que meus pais tem dois carros? Ele me seguia? Achei melhor não perguntar. - Mas eu prefiro andar pra clarear a cabeça...
-Por que não pega o ônibus da escola?
- Lugar fechado em movimento cheio de gente que não consegue calar a boca e tudo o que tem de complexo para dizer é o quão legais são e como Ethan é gatinho.
-Ah, entendi. Antissocial. - disse revirando os olhos.
-Não! Eu tenho meus amigos. Mas a maioria no ônibus é de pessoas assim como descrevi. Ei, você está me distraindo, por que aqueles garotos querem te agredir? -disse tentando mudar de assunto.
-Bem, vou resumir a história. Eu era novo na cidade e estava precisando de dinheiro, me ofereceram bastante pra hackear o -fez aspas com as mãos em tom irônico- "super avançado computador deles" e fazer cópias dos arquivos. Não sei o porquê, não me interessa o porquê, sei que pagaram bem, mesmo sendo uma pessoa anônima... Mas eles descobriram que fui eu e... Deu nisso. -olhei bem para os músculos dele que se escondiam debaixo da camisa, ele era alto e ele parecia ter porte para encarar aqueles dois idiotas valentões. Não comentei nada novamente.
-Bem, podemos ir? Eu detesto chegar atrasada.
-Ok, loirinha, podemos ir.
-Meu nome é Julie.
-Tudo bem, "Julie".
Ele saiu pela porta da frente, junto de mim. Sem temer nada ou ninguém. Sem temer os garotos que queriam bater nele, sem temer o que as pessoas poderiam comentar sobre mim, afinal a cidade era pequena...
-Você não vai andando comigo? - hesitei um pouco ao falar, pois acabara de o conhecer e parecia estar requisitando sua companhia.
-Na verdade, minha moto está estacionada há duas quadras daqui. Quer carona? - ele foi convidativo, seus olhos sofridos, sinceros e livres pareciam me querer perto dele, mas o que todos iam pensar de mim se eu aparecesse com o garoto novo no primeiro dia de aula?
-Melhor não. Obrigada, Nate.
Ele deu as costas e eu me virei e tornei a andar. Dei uma última olhada para ele, já de costas. Pude perceber que ele acendeu um maldito (e nojento) cigarro quando se foi. Não é que eu fosse atraída por problema e perigo, apenas aconteceu... Mas o jeito dele, como falava,como se ele fosse morador de lugar nenhum e natural do mundo. Ele me atraiu.

dedicado à: Juliana